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EDUCAÇÃO: ESSÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO.



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COORDENADOR PEDAGOGICO
COORDENADOR PEDAGOGICO

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA - SED

UNIÃO DOS DIRIGENTES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO - UNDIME

 

 

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

 

 

 

 

 

 

 

O  COORDENADOR PEDAGÓGICO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR

 

 

 

 

AIRTON KERBES

 

 

 

ORIENTADORA: Dra. MARIVONE PIANA

 

 

 

 

 

 

 

FLORIANÓPOLIS/SC - 2012

 

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A GESTAO DEMOCRÁTICA ESCOLAR

THE PEDAGOGICAL COORDINATOR AND DEMOCRATIC MANEGEMENT SCHOOL

 

 

Airton Kerbes

Graduado em Pedagogia

airtonkerbes@hotmail.com

 

 

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo descrever a ação do coordenador pedagógico na gestão democrática escolar. Os dados foram coletados durante a aplicação do Projeto de Intervenção e os mesmos refletem a opinião dos coordenadores, professores e diretores. Nas escolas hoje é imprescindível o trabalho do coordenador pedagógico como o agente articulador da gestão democrática, no que se refere ao campo administrativo e pedagógico. Sendo um dos principais agentes desse processo o mesmo configura sua prática como uma ação voltada para a participação e a coletividade. O seu trabalho é o reflexo da essência democrática que acontece na escola. Onde o construir e o construir-se transcorrem no sentido de fortalecer o grupo e aprimorar o saber-fazer da escola.

 

Palavras Chaves: Coordenador Pedagógico. Gestão Democrática. Escola.

 

 

ABSTRACT: This paper aims to describe the action of the pedagogical coordinator in the democratic management school. In schools it is now vital work of the pedagogical coordinator articulator as the agent of democratic management in regard to administrative and teaching field. Being a major player in this process the same sets his practice as an action-oriented and community participation. His work reflects the essence of democracy that happens in school. Where the building and build up transcorrem to strengthen the group and improve the know-how of the school.

 

Keyword: Pedagogical Coordinator. Democratic Management. School.


1 INTRODUÇÃO

 

 

Ao longo do desenvolvimento do Curso de Especialização em Gestão Pedagógica foi possível transitar por várias temáticas que em maior ou menor grau despertaram o interesse e a curiosidade em desenvolvê-las para ruminar sua essência. Neste sentido a atuação do coordenador pedagógico na gestão democrática na escola é um desses temas. Essa temática necessita ser aprofundada, pois a educação brasileira está vivendo a essência da democracia em todas as suas instâncias.

Muitas discussões e pesquisas aconteceram. Nas leituras da realidade e na produção científica foi possível encontrar traços dessa temática. Porém, foi, principalmente, no Projeto de Intervenção, desenvolvido ao longo do curso, que percebemos a necessidade de desenvolver a temática da Gestão Democrática na escola, na perspectiva do coordenador pedagógico. No Projeto de intervenção aparece claramente a idéia da importância do coordenador pedagógico, no entanto é evidenciado nas pesquisas que o mesmo precisa dar-se a conhecer. Ou seja, é preciso que o coordenador pedagógico construa e conquiste seu espaço, e é na gestão democrática que o mesmo irá encontrar o norte para esse intento.

A ampliação do espaço democrático nas escolas é deveras importante para sua subsistência no que se refere ao atendimento aos alunos e professores advindos de muitas realidades e contextos diferenciados. Também, as diretrizes dos órgãos que orientam a educação exigem dos gestores cada vez mais espaços para a participação da comunidade escolar. Assim, pretende-se analisar e aprofundar o papel do coordenador pedagógico nesta realidade. O mesmo, dentro de seu contexto, é o agente responsável por convidar e estimular cada vez mais a comunidade escolar no processo de gestão democrática, uma vez que o desempenho pedagógico, do qual é gestor, deve ser essencialmente democrático. A gestão pedagógica é imbuída do espírito da coletividade, motriz da democracia, neste sentido o coordenador pedagógico estimula o processo de reflexão sobre a gestão democrática do espaço escolar, este, como um lugar pleno da possibilidade do exercício da democracia.

O desenvolvimento da gestão democrática na escola é exigente. É um trabalho árduo e continuo, caracterizado pelos mais variados desafios encontrados, pois pensar e fazer democracia no contexto escolar exige tempo e dedicação. Neste contexto é preciso modificar práticas, reconhecer limites e estimular mudanças na cultura organizacional da escola, enfim lutar contra o comodismo e o medo das mudanças, tão presentes em nossos espaços escolares. Cabe ao coordenador pedagógico ser o timoneiro desse trabalho.

Outrossim, os documentos e as propostas educativas e administrativas do Ministério da Educação em todas as suas instâncias, tem acometido os sistemas educacionais com muitos documentos oficiais cuja temática sustenta-se na ampliação da participação da comunidade escolar e da sociedade em geral no acompanhamento administrativo e pedagógico das escolas. Assim sendo a escola é o espaço onde se vivencia o espírito da democracia, não somente com os seus, mas também com toda a comunidade circundante.

Em um primeiro momento será feita uma análise sobre a Gestão Democrática Escolar, cujos princípios democráticos exigem dos autores do espaço escolar ações voltadas para a coletividade, o pluralismo de idéias e interesses onde se visa o fortalecimento do grupo em detrimento da individualidade. Esses princípios democráticos são auferidos pela formação contínua e participação de todos.

Num segundo momento o foco da análise será direcionado para o Coordenador Pedagógico no contexto da Gestão Democrática Escolar, no seu papel como o principal agente articulador de discursos e práticas que visam o fortalecimento dos princípios democráticos que nascem das ações pedagógicas pelas quais é responsável e gestor. É neste lócus que surge a necessidade da ação do coordenador pedagógico em agregar os interesses e estimular a participação de todos no processo de construção do conhecimento. Nesse cenário procurar-se-á identificar o papel do Coordenador Pedagógico em seu espaço de atuação e na construção de novos cenários democráticos.

Por fim serão destacados no exercício do magistério do coordenador pedagógico a plenificação dos princípios democráticos e sua aplicabilidade no contexto escolar, sendo o mesmo o agente e o sujeito do desenvolvimento do processo democrático. Neste sentido o coordenador pedagógico é a figura central de todo núcleo existencial da escola, por meio do qual a democracia nasce e se desenvolve no contexto escolar.

 

 

2 GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR

 

 

Durante o desenvolvimento do Projeto de Intervenção foi perguntado aos coordenadores pedagógicos a que eles atribuíam as dificuldades encontradas no exercício de sua atuação no contexto escolar. Nas respostas foi enfaticamente dito que é “a centralização das ações na equipe gestora” subentendem-se diretores. Por meio destas respostas, foi encontrado o cerne do problema da gestão escolar: a centralização das decisões na equipe diretiva. 

Para reverter esse quadro do espaço escolar é preciso implementar a gestão democrática, pois a mesma é uma forma de gerir uma instituição que possibilite a participação ativa, a transparência, a democracia e o compartilhamento de ações que objetivam o envolvimento de pessoas inseridas no espaço escolar, no intuito de busca incessante de qualificar cada vez mais a educação.

A gestão democrática está cada vez mais presente no contexto escolar exigindo a participação de pais, alunos, educadores e funcionários. Como almejamos uma educação transformadora, é necessário primeiramente mudar a forma de gestão da escola. É preciso envolver a todos para que as responsabilidades e os sucessos sejam fruto de toda comunidade escolar. Desmistificando desta forma o sistema hierárquico que predomina historicamente na educação.

Neste sentido o artigo 206 da Constituição de 1988 elenca os princípios básicos quando faz referência ao pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e a gestão democrática do ensino público. Esses princípios legais amparam a autonomia e a gestão democrática das escolas.

É perceptível que a gestão democrática escolar vem auferindo espaços cada vez mais significativos em seu contexto, pois participar da gestão significa estar presente, tomar conhecimento sobre os assuntos que dizem respeito à escola, isso exige um aprendizado que é, ao mesmo tempo, político e organizacional.

 

[....] a gestão democratizada da escola consiste na mediação das relações intersubjetivas, compreendendo, antes e acima das rotinas administrativas, a identificação das necessidades; a negociação dos propósitos; a definição clara de objetivos e estratégias de ação; linhas de compromisso; coordenação e acompanhamento de ações pactuadas e mediação de conflitos. (BORDIGNON e GRACINDO, 2011, p.119).

 

A gestão democrática da escola exige, em primeiro lugar, cambiar os pensamentos, gestos e ações de todos os membros da comunidade escolar. Mudança que implica superar o velho paradigma que a escola é do Estado e não da comunidade. Esse sentido de pertencimento é quesito essencial para que a real democracia aconteça. É neste contexto que todos os integrantes do espaço escolar sejam ao mesmo tempo agentes e sujeitos do processo democrático e não meramente agentes que sofrem a ação dos demais, ou seja, passar da acomodação para ação propriamente dita. Na gestão democrática pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo pleno desenvolvimento da escola. Neste sentido é um objetivo a ser perseguido continuamente e aprimorado diariamente na escola.

 

[...] a gestão democrática da educação é hoje um valor já consagrado. É indubitável sua importância como um recurso de participação humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade para construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É indubitável sua importância como fonte de humanização. (FERREIRA,2000, p.58).

 

A escola como centro de formação para a cidadania, concretiza sua ação a partir do momento em que oportuniza a todos a participação em sua gestão, convertendo-se em um aprendizado importante da democracia. A escola não sendo um fim em si mesmo, promulga em seu fazer a gestão democrática, estando desta forma a serviço da comunidade escolar, pela qual existe e subsiste.

 

É preciso compreender, inicialmente, que a gestão democrática da educação não constitui um fim em si mesma, mas um importante instrumento do processo de superação do autoritarismo, do individualismo e das desigualdades socioeconômicas. Ela deve contribuir para que as instituições educacionais, articuladas com outras organizações, participem da construção de uma sociedade fundada na justiça social, na igualdade, na democracia e na ética.(CONAE, 2010, p.43).  

 

A gestão democrática, em seu exercício, certamente irá atingir o pilar essencial da escola: o conhecimento. Ao qualificar sua ação com a participação de todos os membros da comunidade escolar, ela aproxima, essencialmente, alunos e professores que se mantém permanentemente em contato, que levará ambos ao conhecimento mútuo, por meio do qual toda estrutura curricular poderá ser modificada.

Neste sentido, o aluno aprende melhor quando é sujeito da aprendizagem. Sendo partícipe do processo de construção do conhecimento. É essencial que o mesmo atue efetivamente na escola, pois a mesma está permanentemente presente em sua vida.

 

A escola é o espaço onde acontece o movimento de idéias e deve almejar a socialização do conhecimento produzido, da ciência, da técnica, das artes; ainda necessita ter a capacidade de interpretar e compreender as diferenças presentes na sociedade e atender às suas necessidades sendo politicamente comprometida. Essa socialização só é possível através de uma gestão democrática e participativa, onde acontece o envolvimento de todos. (NERI, 2011, s/p).

 

 

A gestão escolar precisa ser vista e entendida como um meio rico de emancipação. Neste contexto a participação é que concebe a gestão democrática e torna possível o envolvimento de todos os personagens da escola nas decisões e no funcionamento das unidades de ensino. Assim, “a gestão democrática, entendida como espaço de deliberação coletiva (estudantes, profissionais da educação, mães, pais ou responsáveis), precisa ser assumida como fator de melhoria da qualidade da educação [...]”. (CONAE 2010, p.43)

Desta forma, a escola em seu contexto existencial precisa estar aberta para que sejam firmados contratos de parcerias entre todos os partícipes de seu espaço. Neste sentido é preciso que seus gestores sejam hábeis e conhecedores de práticas que valorizam a coletividade. A escola tem essa função de preparar os alunos para compreender e agir de forma crítica ante os problemas da vida, em seu contexto individual e social que se apresentam ao longo de sua existência.

Essa responsabilidade de tornar o processo democrático mais fecundo é da equipe gestora escolar. Porém é preciso salientar a importância do papel do coordenador pedagógico nesse processo. Por isso na pesquisa realizada por meio do Projeto de Intervenção buscamos maiores informações para entender melhorar a atuação do coordenador pedagógico na escola em um cenário de gestão democrática, questionamos: “Frente ao papel do coordenador pedagógico no contexto escolar, o que você considera mais importante”? ( KERBES, 2011, p. 8). Nas respostas que obtivemos ficou explicito que uma das principais atividades é organizar o trabalho coletivo, promovendo a integração, de todos os envolvidos no processo educativo.

Trabalhar coletivamente exige comprometimento. Exige conhecer a realidade dos envolvidos no processo educativo, seus problemas e suas causas e o contexto no qual se manifestam. Também requer envolvimento, desejo de colaborar, e de mudar. O trabalho coletivo na escola deve estar voltado para a construção de um perfil de cidadão, que interage com o processo educativo capaz de enfrentar seus problemas.

Assim, para construir e agir democraticamente é preciso enfrentar desafios, entre os principais podemos elencar: trabalhar a coletividade, a formação consciente de todos os integrantes da comunidade escolar, agregar interesses, priorizar desejos coletivos, trabalhar conjuntamente, organizar assembléias e decidir juntos, o respeito pela coletividade, a participação despida dos interesses individuais, entre outros que se descortinam no contexto escolar. Porém, a implantação do processo de democratização no interior das escolas ainda encontra muitas dificuldades, pois não há como ser plenamente democrático sem conhecimento e consciência dessa práxis.

 

3 O COORDENADOR PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR

 

 

No contexto de Gestão Democrática que a coordenação pedagógica em seu espaço de atuação exerce diferente papeis que são determinados pela instituição, pelas normas, bem como o próprio acontecer da escola em sua rotina diária. São perceptíveis neste espaço as múltiplas experiências e acontecimentos que vão perfazendo e atribuindo novos papeis à coordenação pedagógica. Pois a realidade das Unidades de Ensino é mutável, dinâmica não permitindo, por naturalidade, pensar e fazer uma educação estanque, mas sim ela exige novas idéias, novos saberes, para que a essência do pedagógico aconteça.

Muitas vezes ocorre o afastamento da essência, pelas necessidades que vão surgindo a cada novo dia, pelas quais a coordenação pedagógica vai ter que responder. São situações dos alunos, professores, pais enfim toda comunidade escolar. Essa por sua vez vai delineando o papel e atribuindo funções ao coordenador pedagógico que foge das que primordialmente foram estabelecidas como pedagógicas.

 

Embora muitos profissionais vêem o coordenador pedagógico como uma figura que tem que ‘saber tudo” e dar todas as respostas para os encaminhamentos pedagógicos, é necessário que este sujeito tenha liderança pedagógica e buscar no coletivo respostas aos desafios que se apresentam no ambiente escolar. (ARAUJO, 2011, p. 78).

 

Desta forma é intrinsecamente verdadeiro que o coordenador pedagógico traz em si um saber ser, um saber fazer e um saber agir. É por meio dessas características que o mesmo se constitui como um ser técnico (conhecimento), humano (interacionista) e político. São estas dimensões que vão embasar e sustentar sua prática diária na escola.

Imbuído destas características o coordenador pedagógico é o grande estimulador dos princípios educacionais, por meio dos quais orienta a caminhada da escola rumo à apropriação do conhecimento e da cultura. É o profissional, o qual Vasconcellos (2011, s/p) chama de intelectual orgânico.

 

O horizonte que vislumbro para o coordenador pedagógico é o do intelectual orgânico, qual seja, aquele que está atento à realidade, que é competente para localizar os temas geradores (questões, contradições, necessidades, desejos) do grupo, organizá-los e devolvê-los como um desafio para o coletivo, ajudando na tomada de consciência e na busca conjunta de formas de enfrentamento. O intelectual orgânico é aquele que tem um projeto assumido conscientemente e, pautado nele, é capaz de despertar, de mobilizar as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso. (MARTINS, 2011, s/p.).

 

Assim, é possível identificar no coordenador pedagógico características de educador, pois ele deve desenvolver a mesma relação que o professor desenvolve em sala de aula, ou seja, mediar, acolher, subsidiar, provocar, relacionar.

Partindo desse pressuposto o coordenador pedagógico no exercício de sua função incorpora os elementos presente em sua realidade, pois precisa estar atento a demanda da realidade das múltiplas situações que ocorrem num ambiente escolar. O coordenador precisa dar conta da função burocrática, atender alunos, pais, professores, etc.

É neste lócus, que a necessidade faz mobilizar novos saberes a cada dia, pois para a escola a cada inicio de um novo dia é uma nova realidade e a escola tem esse aspecto de riqueza existencial, de nunca ser o que era. É nesse ambiente que a prática do coordenador pedagógico vai acontecendo, tecendo uma teia democrática em sua forma de ser e agir. Pensar no fazer e no ser da escola é tarefa de todos. Mobilizar a comunidade educativa para o enriquecimento da proposta pedagógica e torná-la mais democrática é papel do Coordenador Pedagógico que vai construindo espaços de atitude e ação democrática. Neste sentido a plenitude da democracia acontece quando ela se insere efetivamente na prática. A participação envolve compromisso. Assim a escola é um espaço aberto e acolhedor e acessível a toda comunidade educativa.

 

 

3.1 O Coordenador Pedagógico na Ação Pedagógica Democrática

 

 

Na organização das unidades de ensino, temos como vértice principal o planejamento escolar. Neste espaço escolar temos os diversos atores que compõe este cenário que se descortina em nossas escolas. Para compor este palco temos o coordenador pedagógico como articulador dos movimentos e cenários a serem construídos. No exercício de seu papel, desempenha a função de ser o mediador deste cenário, onde professores, alunos e pais assumem seu papeis de atores e publico em uma ação de interatividade. Desta forma o espaço escolar é o lócus onde acontece a definição e a construção do ensino. Seu enriquecimento depende da participação destes agentes.

O planejamento escolar somente acontece de forma participativa se todos os agentes têm vez e voz. O coordenador pedagógico assume sua função de ser o mediador no exercício dos papeis atribuídos a cada um, tornando desta forma a escola um espaço de construção efetiva de aprendizagens.

O papel do coordenador é de suma importância, pois é no planejamento escolar que são definidos as bases da organização do ensino. É neste movimento que o mesmo deverá articular e mediar, junto a todos os agentes e sujeitos que compõe o cenário da escola, a efetiva construção do conhecimento em seus princípios teóricos e práticos.

Desta forma, será o planejamento escolar, que irá delinear e firmar a essência do conhecimento que caracteriza a unidade de ensino. Portanto, quanto mais democrática ela for, mais estará respondendo ao anseio da comunidade. Assim o conhecimento vem carregado de significados e estes, por sua vez, estão intimamente ligados às pessoas que formam este grande espetáculo da vida.

É neste cenário que o coordenador pedagógico atua de forma contínua junto à comunidade escolar, voltando seu olhar para essencialidade pedagógica. É neste olhar que o mesmo vai estabelecendo uma relação de diálogo com toda comunidade inter e extra-escolar. “A coordenação pedagógica [...], garante o espaço da dialogicidade fortalecendo a vitalidade projetiva do agrupamento de atores sociais, atendo as perspectivas da comunidade extra-escolar para uma educação de qualidade [...].” (LIMA, 2010, p. 84).

Neste sentido o coordenador pedagógico, de posse da realidade, irá articular e mediar a composição do conhecimento no planejamento escolar. A riqueza do conhecimento pré-existente e as experiências que nascem dessa realidade trarão sentido para a prática pedagógica. A mesma com o aporte teórico e prático da coordenação pedagógica será uma das vertesses que constituem o currículo escolar. 

No exercício dessa função o coordenador pedagógico é chamado a fim mobilizar os diferentes saberes para a constituição efetiva do conhecimento e sua posterior efetivação no planejamento escolar. Isso somente acontece quando o coordenador tem em seu exercício a clareza que seu papel é de articular para a reflexão, para a organização e para a intervenção nos processos de construção do conhecimento.

As dificuldades encontradas são diárias. Por vezes se enraízam no trabalho pedagógico da escola e passam a fazer “parte” do contexto da educação. Entre estas dificuldades podemos citar a velha discussão em relação ao acumulo de tarefas administrativas.

 

Desta forma ao coordenador pedagógico é solicitado de desenvolvê-la por sobrecarga, indisponibilidade ou pela ausência desse profissional na escola, assim, ele se torna um “faz tudo”. Fica sob sua responsabilidade realizar trabalhos burocráticos e de secretaria, substituir professores, aplicar provas para aliviar sobrecarga de horário, resolver problemas com pais e alunos.  (LIMA, 2010, p.82).

 

É preciso ter cuidado, pois a falta de clareza sobre o papel do coordenador pedagógico, com o decorrer do tempo evidencia significados e cria a imagem de um profissional que está no desvio de função, alguém que assume papéis e realiza atividades insignificantes diante das dimensões existentes.

 

 [...] o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta (BARTMAN apud LIMA, SANTOS, 2007, p.81)

 

A descaracterização da identidade instabiliza o profissional que acaba sendo um “quebra galho e faz tudo” dentro da unidade escolar, a qual ainda, às vezes, acompanhada por uma relação pedagógica burocratizada e centralizadora, torna a prática escolar alheia, fragmentada e mecânica, que inibe as iniciativas e limita as condições profissionais, por fim, inviabiliza o desenvolvimento de ações coletivas e de um trabalho mais qualificado na escola.

Outro fator preponderante refere-se a ausência efetiva de participação da comunidade escolar. No próprio espaço escolar ocorrem muitas vezes os maiores entraves para a participação no planejamento escolar. Destes entraves podemos destacar a ausência de vontade por parte dos professores, que prefere o planejamento isolado a participação coletiva. Neste item é perceptível a dificuldade em respeitar o espaço dos demais e principalmente aceitar idéias e formas diferentes. Pensar coletivamente é planejar ações em conjunto, neste sentido a coordenação pedagógica tem em mãos o principal papel de articular pensamentos e vontades de toda comunidade escolar.

 

O coordenador pedagógico é um profissional que deve valorizar as ações coletivas dentro da instituição escolar, ações essas que devem estar vinculada ao eixo pedagógico desenvolvido na instituição. Ele deve ser o articulador dos diferentes segmentos da mesma, na elaboração do projeto político pedagógico coletivo. (LIMA, 2007, p. 87).

 

As dificuldades estarão sempre presentes, pois nos espaços de educação sempre atenderemos pessoas sujeitas às temporalidades da vida. A escola, especificamente, é o espaço onde o múltiplo se torna uno em sua riqueza e diversidade sendo que o coordenador pedagógico é o grande articulador dessa riqueza existencial.

Neste sentido o ponto de partida de ação do coordenador pedagógico no cotidiano escolar é ser o agente articulador da prática, de forma democrática e participativa, o que não é tarefa fácil, mas não é impossível quando se possibilita a abertura ao debate e a indagação, onde o construir e construir-se transcorre no sentido de fortalecer o grupo e aprimorar o saber-fazer da escola.

O crescer juntos é fundamental. Para isso o coordenador pedagógico precisa saber usar a sua influência, saber liderar as intervenções que se fazem necessárias e aglutinar pessoas em torno de um projeto comum, construído com referenciais coletivos e que representa o desejo das mais diferentes vozes e saberes que integram o grupo.

Por ser o grande articulador, o coordenador pedagógico encontra na reflexão da ação momentos riquíssimos para a formação. A mesma ocorre quando juntamente com os professores e funcionários, em momentos individuais e coletivos, retoma a caminhada da escola, planeja, identifica as dificuldades e retoma o plano de ação.

A importância da presença do coordenador pedagógico no cotidiano escolar depende da compreensão que se tem diante da dimensão de seu espaço de atuação. A sua presença deve representar uma assessoria permanente a prática e um estímulo a formação continuada.

A instituição escolar que consegue contar com a presença de um profissional consciente, democrático e comunicativo, sensível as necessidades do grupo e da realidade, com visão pedagógica e conhecimento científico bem consistente, conta também, com a possibilidade de promover uma prática pedagógica mais significativa, melhores condições de exercício profissional dos docentes e com melhores resultados no desempenho escolar.

Portanto, o coordenador é aquele ser que absorve a característica de ser o que é pelo real que é, “[...] homens que através de sua ação transformam e se transformam”. (REIS, (2008, p. 28) É neste processo de ser e vir a ser que vai se construindo a prática democrática no cenário escolar, tendo o coordenador pedagógico como referencial.

 


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Ao transcorrer em texto o pensamento, a leitura, a observação e a interpretação, encontramos em nosso discurso um movimento que verte em sua essência para o ressurgimento do coordenador pedagógico no contexto escolar. Neste, a gestão democrática é a motriz que vai abastecendo o núcleo existencial que se forma no interior da escola.

Neste sentido o coordenador vai tecendo essa teia de possibilidades de intervenção no processo educativo/formativo de toda comunidade escolar. Assim é o coordenador pedagógico, que tem a função de articular no seio da escola a possibilidade de construir um espaço que reflete essencialmente o germe da democracia que faz com que todos caminham na mesma direção, mesmo diferentes em sua ação, tendo a possibilidade de construir seu próprio caminho, estimulado e amparado por todo o grupo escolar.

No projeto de Intervenção realizado foram levantadas várias dúvidas a respeito do coordenador pedagógico. Aqui respondemos algumas delas, identificamos principalmente que o coordenador pedagógico em seu exercício necessita se fazer conhecer e é na articulação da gestão pedagógica que se vislumbra o cenário democrático e por meio desse que o coordenador pedagógico conquistará seu próprio espaço e terá o reconhecimento que sua ação pedagógica merece.

Para que esse reconhecimento se efetive é preciso que coordenador pedagógico tenha a ousadia, que lhe é própria, a fim de inserir em sua práxis os princípios democráticos por meio dos quais vai modificando o ser e fazer da escola. Esta modificabilidade somente é possível, se houver a articulação, a mediação e a estimulação do coordenador pedagógico, que a priori é a figura central por meio do qual todos os atores do cenário escolar têm acesso.

Para tanto é preciso que Coordenador Pedagógico seja o principal ator do cenário democrático, pois é por ele e por meio dele que toda essência pedagógica acontece, ou seja, é na sua ação que a prática democrática ocorre e na formação, por ele estimulada que a democracia vai se sustentando e se renovando continuamente.

Por fim é necessário que esta prática democrática seja incorporada no contexto escolar como um princípio natural de ser da escola e a ação do coordenador pedagógico é a porta de entrada da efetivação da democracia como valor perene de ser. A escola é vivência. Onde espírito democrático irá florescer e se converter numa prática diária. Pensar a atuação do coordenador pedagógico neste cenário é ter certeza que a democracia passará a ser a ação que move todo ser e existir da escola, tornando-a um preposto da experiência de gestão integrada e coletiva.

A proposta da gestão democrática e sua inserção no contexto escolar necessitam serem avaliadas ao longo de sua caminhada. Hoje as experiências se multiplicam, mas carecem de acompanhamento e de uma avaliação dos resultados produzidos. Talvez esteja aí uma interessante linha de pesquisa.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

ARAUJO, Adilson Cesar de. Gestão Democrática da Educação: a posição dos docentes. UNB, novembro de 2000.

 

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Distrito Federal, Senado, 1988.

 

BRASIL, MEC. CONAE 2010. Conferencia Nacional de Educação. Brasilia, DF. MEC 2010 (Documento Final).

 

BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Angela da S. (Orgs). Gestão da educação : impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo Cortez, 6ª edição, 2008

 

LIMA, Paulo Goes. A Formação do Educador Reflexivo: um olhar sobre a construção de sua prática pedagógica. Revista da Escola Adventista. Engenheiro Coelho. SP. V.06.n.04.p. 18-21, 2000b.

 

LIMA, Paulo Gomes; SANTOS, Sandra Mendes dos. O Coordenador Pedagógico na Educação Básica: Desafios e Perspectivas. Disponível em: <http://www.ufgd.edu.br/faed/nefope/publicacoes/o-coordenador-pedagogico-na-educacao-basica-desafios-e-perspectivas> . Acesso: 18/04/2012

 

KERBES, Airton; et al. A atuação do coordenador pedagógico no contexto escolar. Florianópolis, SC, MEC, UFSS/SED/UNDIME, 2011.

 

MARTINS, Debora, O Coordenador Pedagógico na Escola. FEVEREIRO DE 2011. Disponível em: <http://educacaolivreparapensar.blogspot.html>. Acesso em: 03 de abril. 2012

 

MENDONÇA, Erasto. A gestão democrática nos sistemas de ensinos brasileiros: a intenção e o gesto. (UnB), 2008.

 

NERI, SOUZA DE VLADISLAU, O Coordenador Escola e a Gestão Democrática Escolar. Fevereiro de 2011. Disponível em: <http://www.webartigos.com>. Acesso em: 04 abril. 2012.

 

REIS, FATIMA,  O Professor Coordenador Pedagógico. FEVEREIRO DE 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com>. Acesso em: 15 abril. 2012

 

VASCONCELLOS, Celso S. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico.São Paulo:Libertad, 2000.

 

______. O Coordenador Pedagógico na Escola. Disponível em:

<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html>. Acesso em 15 abril. 2012